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O comércio gera empregos e renda, não aglomerações

As condições de vida de milhões de brasileiros vêm se deteriorando no rastro da pandemia que completou um ano. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do IBGE, divulgada em 31 de março, apontou que a taxa de desemprego do trimestre encerrado em janeiro de 2021 (novembro a janeiro) atingiu 14,2%, com 14,3 milhões de desempregados. Incluindo-se os milhões de subocupados e os que desistiram de procurar emprego, chega a quase 30 milhões o número de pessoas sem trabalho. Sendo assim, é urgente que sejam renovadas e ampliadas medidas que mitiguem as imensas dificuldades que penalizam grande parte da população brasileira.

E também é urgente socorrer as empresas. O acesso ao crédito em condições mais favoráveis transformou-se em decepção. Análises financeiras indicam que apenas cerca de 23% dos recursos disponibilizados pelo Banco Central foram transformados em empréstimos. São vitais o auxílio emergencial do governo federal e, no Rio de Janeiro, os recursos dos programas Supera Rio, do governo estadual, e Auxílio Carioca da prefeitura do Rio, destinados a pessoas físicas e às micros e pequenas empresas. Mas, os recursos precisam realmente chegar a quem necessita. É preciso desburocratizar e acelerar.

O comércio continua sendo o setor mais impactado pela pandemia. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mais de 75 mil estabelecimentos fecharam em todo o país, em 2020. Já no Rio de Janeiro, uma pesquisa do CDLRio e do SindilojasRio apontou que, em 2019, a crise financeira e política levou ao fechamento de mais de 10 mil lojas. Situação que agravou-se com a pandemia. Aqui, o comércio parou por quase 100 dias. Com o avanço da doença, sem ações coordenadas do poder público e denúncias de corrupção, o Rio tornou-se um dos estados mais afetados pela pandemia. E só piora.

Às vésperas da Páscoa, importante data para o comércio que tem amargado sucessivos resultados negativos, foram decretadas novas medidas proibindo o funcionamento dos negócios não essenciais por 10 dias. Com isso, evaporou-se a esperança dos comerciantes de ganharem algum fôlego.

O SindilojasRio e o CDLRio têm se posicionado firmemente contra a premissa equivocada que o comércio causa aglomeração e ajuda a propagar a doença. Desde o início da pandemia, o setor tem adotado todas as medidas de proteção. O que causa aglomeração e põe em risco quem trabalha no comércio – e em consequência o consumidor – é a insuficiência e a falta de fiscalização do transporte público; são os eventos clandestinos. É tarefa árdua coibir tais atividades, mas estas devem ser o grande foco a ser combatido pelos agentes públicos.

Quanto maiores forem a incerteza política e a retração da economia, maiores serão o desemprego, a desigualdade social e seus reflexos negativos para o país. Um ano depois, a pandemia continua a ceifar vidas, derrubando qualquer previsão de volta à normalidade. Isto só ocorrerá quando tivermos vacinação em massa. Até lá, sem subestimar a gravidade da pandemia, é urgente proteger e fortalecer o setor produtivo, que gera empregos e renda. E para isso é preciso diálogo, pois muitas decisões, além de não produzirem os resultados almejados, têm contribuído para aumentar o empobrecimento das famílias e a falência das empresas.