O arrefecimento da taxa de transmissão do coronavírus no Brasil deve impulsionar uma retomada mais robusta do comércio varejista neste novembro, mês em que é realizado o evento promocional Black Friday.
Segundo projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a CNC, o setor movimentará 3,9 bilhões de reais na data, um avanço nominal de 6,5% frente a igual período no ano anterior — em termos reais, descontada a inflação, haverá retração de 3,8% no mês. De acordo com a empresa de pesquisas GfK, 79% dos consumidores brasileiros pretendem realizar alguma compra na data. Apesar de uma maior arrecadação, a inflação acumulada nos últimos 12 meses (de 10,25%, segundo o IPCA) deverá fazer com que a margem de lucro das varejistas seja comprometida.
Para Fábio Bentes, economista-sênior da CNC, o comércio eletrônico deve suportar novamente o crescimento das vendas do período, mas com o varejo físico retomando o destaque perdido com a queda na circulação das pessoas em 2020 devido à Covid-19. “O e-commerce cresceu muito no ano passado e tem mantido essa evolução neste ano. Claramente, houve uma mudança de patamar. Mas a inflação mais alta e o dólar mais elevado são fatores que devem prejudicar o ritmo de crescimento da Black Friday deste ano”, afirma ele.
A inflação e a disparada no dólar, inclusive, são fatores que farão com que o comércio encontre dificuldades em realizar ofertas tentadoras. Mesmo assim, os brasileiros prometem gastar. Segundo dados da GfK, 87% dos consumidores que farão compras na data esperam desembolsar o mesmo ou quantia superior à data do ano anterior. “No mundo, esse número é de apenas 40%. Historicamente, no mercado brasileiro, que é um mercado em desenvolvimento, o consumidor busca melhores produtos. Essa razão simboliza a jornada de compra na Black Friday”, diz Fernando Baialuna, diretor de negócios e varejo da GfK, que acredita que a inflação não seguirá pressionando as ofertas no varejo. “O maior efeito de repasse já aconteceu”. Para compensar os altos preços, Baialuna acredita que o comércio oferecerá mais opções de parcelamento para as vendas.
Além de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, a Black Friday 2021 deve marcar uma retomada em maiores proporções do varejo de vestuário, que ficou represado diante da pandemia e dos efeitos do distanciamento social, como o trabalho remoto. “O vestuário deve ter um crescimento bastante significativo este ano, com chances de ser até o segmento que mais vai crescer. Em termos de movimentação, no entanto, eletroeletrônicos e eletrodomésticos ainda continuarão a predominar na data”, aposta Bentes, da CNC, que indica muita pesquisa e disposição para os consumidores que queiram se dar bem no período. “Essa Black Friday vai ser desafiadora para o comerciante por causa das margens reduzidas e também vai exigir algumas horas de dedicação em busca dos descontos por parte do consumidor, já que será muito difícil num ambiente de inflação alta encontrar verdadeiras pechinchas.”
Fonte: Veja