Com variedade de produtos e bons preços, o tradicional
polo comercial atrai pessoas de todo o País e do exterior
Considerada como o maior shopping a céu aberto da América do Sul, com cerca de 900 lojas dos mais diversos segmentos do comércio espalhadas por 12 ruas que vendem de brinquedos a joias, passando por roupas, tecidos, flores, eletroeletrônicos e utilidades para a casa, entre tantos outros produtos, a Sociedade dos Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega – Saara foi fundada em 1962, mas sua origem remonta ao fim do século 19. Denominado como Polo Saara a partir de 2013, o complexo de lojas, situado no Centro Histórico do Rio, completa 60 anos neste mês de outubro.
Além de um local para fazer compras com preços mais convidativos, o Polo Saara é uma grande atração turística, que recebe pessoas de todas as partes do Rio, do Brasil e também do exterior, interessadas em consumir e em conhecer o seu estilo de comércio e o belo conjunto arquitetônico formado pelos seus prédios, que une o moderno ao antigo. Funcionários nas frentes das lojas anunciam ofertas, uma prática tradicional que nos remete à primeira metade do século passado e é mantida até por lojas mais modernas. Pela sua reconhecida importância histórica, a estação do metrô situada próxima à sua área passou a ser chamada Saara-Presidente Vargas em junho deste ano.
Um pouco da história do Saara
Nenhum nome, a não ser Saara, pode traduzir melhor a diversidade étnica da região e a tolerância e o respeito que norteiam as relações entre os comerciantes e exercem, desde sempre, um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social do Centro do Rio.
No fim do século 19, a região passou a ser ocupada por comerciantes cristãos, muçulmanos e judeus, a maioria composta por sírios e libaneses expulsos de suas terras por causa da expansão do império turco-otomano. Na época, eles montavam pequenos negócios em suas casas, trabalhando no térreo e residindo na parte de cima dos sobrados que, ainda hoje, existem por lá. Com as guerras mundiais, imigrantes de outras nacionalidades foram chegando. Após a segunda guerra mundial, chegam judeus oriundos, principalmente, dos países do leste europeu. Já a partir da década de 1990, a região começa a receber os chineses.
Em 1962, na iminência de uma grande reforma urbanística, os comerciantes se uniram e decidiram criar a Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega para defender os seus interesses. Na ocasião, o governo Carlos Lacerda pretendia construir um viaduto para ligar a Central do Brasil à Lapa que atravessaria a região que compõe o Saara, implicando na destruição de grande parte dos prédios. As obras do viaduto foram iniciadas, mas, o movimento contrário dos lojistas ganhou força e conseguiu sensibilizar o governador. Impressionado com a demonstração de força e união dos lojistas, Lacerda desistiu da ideia e ainda sugeriu a criação de uma associação que consolidasse aquela união.
“Carioca por adoção”, o mineiro Ênio Carlos Bittencourt criou, então, a Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega – Saara, que presidiu até 2016, ano do seu falecimento. Sua administração à frente da Saara ficou marcada pela organização de campanhas nas datas comemorativas, com grande investimento na decoração das ruas e lojas, e pela criação do conceito de shopping a céu aberto, com o fechamento das ruas ao trânsito de veículos. Morador da Tijuca, Ênio era dono da GMB Artigos Esportivos, localizada na Rua da Alfândega. Ele costumava afirmar que a Saara era “o local mais democrático do Brasil, por reunir e receber, com a mesma cordialidade, pessoas de todas as nacionalidades, religiões, raças e níveis sociais e econômicos, além de políticos de todos os partidos”.
“Ênio, que também foi vice-presidente do SindilojasRio, foi um dos maiores líderes do comércio do Rio de Janeiro. Sua atuação foi marcada pela dedicação em defesa dos interesses dos lojistas. Destacou-se pelas iniciativas inovadoras e pela criatividade, ao desenvolver a Saara sem qualquer interferência dos órgãos municipais e estaduais. Este formato foi precursor do chamado Arranjo Produtivo Local (APL) a céu aberto”, lembrou o presidente do sindicato e do CDLRio Aldo Gonçalves, que acrescentou ainda que a Saara serviu de modelo de organização comercial para todo o país.
Desde março deste ano, o Polo Saara é presidido pelo empresário Sérgio Obeid, de família libanesa, proprietário da loja Obeland, especializada em vestuário masculino.
Ao ser entrevistado pela revista O Lojista, Sérgio Obeid (SO) agradeceu ao SindilojasRio por registrar uma data tão importante para o Centro do Rio e para a própria cidade.
“Nossos avós e pais começaram essa linda história, da qual temos orgulho de fazer parte. Estamos trabalhando para passar esse legado às próximas gerações e para que o Saara continue a celebrar a sua história e a sua tradição nos próximos 60 anos”, declarou.
OL – Qual é a importância dos 60 anos do Polo Saara?
SO – Esta marca demonstra a força do comércio tradicional e presencial, ainda hoje, na vida dos consumidores. É inegável e necessária a presença das lojas no ambiente digital, mas o atendimento pessoal e o contato direto com os produtos continuam sendo importantes para o consumidor. O grande movimento em nossas ruas, após a pandemia, evidencia isso. O Saara continua sendo a maior vitrine do comércio de rua.
OL – Existe alguma comemoração agendada?
SO – Em respeito às vidas perdidas na pandemia, preferimos marcar esta data como um momento de resiliência, de reconstrução e de retomada.
OL – Como está a ocupação do Saara hoje?
SO – Os asiáticos, de Taiwan, Hong Kong, e, mais recentemente, da China continental (República Popular da China), já representam quase a metade dos lojistas do polo. Os árabes, que chegaram a controlar 80% das lojas, hoje ocupam entre 30% e 40% delas. Muitos comerciantes brasileiros também descobriram a região nas últimas décadas.
Como temos poucas lojas vazias nas ruas mais concorridas, a perspectiva é que os chineses aluguem os imóveis ainda fechados na Rua da Constituição, área que foi afetada pela obra de implantação do VLT. Mesmo com a crise e a pandemia, o Saara ainda é um “oásis” no Centro do Rio.
OL – Quais são os projetos da atual diretoria do Polo?
SO – A diretoria está focada na melhoria da ordem urbana em nossas ruas, na interlocução com o poder público e no crescimento das vendas, incluindo o incentivo ao uso de ambientes digitais.
Desde março deste ano, o Polo Saara é presidido pelo empresário Sérgio Obeid, de família libanesa, proprietário da loja Obeland, especializada em vestuário masculino.
Ao ser entrevistado pela revista O Lojista, Sérgio Obeid (SO) agradeceu ao SindilojasRio por registrar uma data tão importante para o Centro do Rio e para a própria cidade.
“Nossos avós e pais começaram essa linda história, da qual temos orgulho de fazer parte. Estamos trabalhando para passar esse legado às próximas gerações e para que o Saara continue a celebrar a sua história e a sua tradição nos próximos 60 anos”, declarou.
OL – Qual é a importância dos 60 anos do Polo Saara?
SO – Esta marca demonstra a força do comércio tradicional e presencial, ainda hoje, na vida dos consumidores. É inegável e necessária a presença das lojas no ambiente digital, mas o atendimento pessoal e o contato direto com os produtos continuam sendo importantes para o consumidor. O grande movimento em nossas ruas, após a pandemia, evidencia isso. O Saara continua sendo a maior vitrine do comércio de rua.
OL – Existe alguma comemoração agendada?
SO – Em respeito às vidas perdidas na pandemia, preferimos marcar esta data como um momento de resiliência, de reconstrução e de retomada.
OL – Como está a ocupação do Saara hoje?
SO – Os asiáticos, de Taiwan, Hong Kong, e, mais recentemente, da China continental (República Popular da China), já representam quase a metade dos lojistas do polo. Os árabes, que chegaram a controlar 80% das lojas, hoje ocupam entre 30% e 40% delas. Muitos comerciantes brasileiros também descobriram a região nas últimas décadas.
Como temos poucas lojas vazias nas ruas mais concorridas, a perspectiva é que os chineses aluguem os imóveis ainda fechados na Rua da Constituição, área que foi afetada pela obra de implantação do VLT. Mesmo com a crise e a pandemia, o Saara ainda é um “oásis” no Centro do Rio.
OL – Quais são os projetos da atual diretoria do Polo?
SO – A diretoria está focada na melhoria da ordem urbana em nossas ruas, na interlocução com o poder público e no crescimento das vendas, incluindo o incentivo ao uso de ambientes digitais.