Após a pandemia, o setor voltou a crescer em 2022. No Rio de Janeiro, houve crescimento no faturamento geral e em número de unidades.
O setor de franquias é um dos grandes impulsionadores do crescimento econômico e da geração de empregos em várias regiões do Brasil, incluindo o Rio de Janeiro, pois incentiva e favorece o empreendedorismo, estimula cadeias produtivas, fortalece o turismo e o comércio, e promove a transferência de conhecimento e a capacitação empresarial.
No ano passado, segundo a Associação Brasileira do Franchising (ABF), o mercado de franquias brasileiro consolidou a sua recuperação e voltou a crescer, movimentando mais de R$ 211 bilhões e com um acréscimo de 14,3% no faturamento. No Sudeste, o setor faturou mais de R$ 112 bilhões em 2022, um aumento de 8,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, o número de unidades de franquia na região cresceu 5,8%, chegando a 98.443 mil operações. Já no Rio de Janeiro, o crescimento foi de 9,5 % no faturamento geral das redes de franquias no mesmo período, com mais de R$ 20 bilhões de receita. Em número de unidades, o mercado fluminense aumentou 5,1%, totalizando 18.024 operações.
Para saber mais sobre o mercado de franquias, a revista O Lojista ouviu o novo presidente da Associação Brasileira de Franchising Seccional Rio de Janeiro (ABF Rio), o empresário Clodoaldo Nascimento.
Quais foram os fatores que contribuíram para o crescimen- to do setor no Rio de Janeiro?
Clodoaldo Nascimento: No Rio de Janeiro, assim como em todo o país, o que levou ao crescimento gradativo das redes de franquias foi a mudança. As redes se reinventaram, avaliaram seus custos, reprogramaram suas ações e avançaram na digitalização de suas operações, resultando na manutenção do ritmo progressivo do crescimento econômico e na continuidade de iniciativas para o aumento de eficiência e inovação por parte das redes.
Como o setor pode contribuir para o crescimento social e econômico do estado?
CN: O franchising é um modelo de negócio bastante versátil e que pode ser aplicado a vários mercados. Além disso, as franquias têm a oferecer aos empreendedores vantagens como a segurança de uma marca reconhecida e de um modelo já testado. Por meio do franchising, a empresa consegue acelerar o seu processo de expansão de forma organizada e com menor necessidade de capital próprio. A contribuição social do franchising se baseia principalmente na geração de empregos e renda. No ano passado, somente no estado do Rio de Janeiro, foram gerados cerca de 169 mil empregos formais diretos, representando um aumento de 16,2% em relação a 2021. Além disso, do ponto de vista legal, por meio das franquias há formalização dos negócios, reduzindo, portanto, a informalidade.
Os segmentos de serviços e de outros negócios apresen- taram o maior número de novas unidades. Em relação ao varejo, qual é a expectativa de crescimento?
CN: Todos os onze segmentos listados pela ABF cresceram no ano passado e em todos eles a ABF percebe expectativa de manutenção desse crescimento em 2023, projetando um crescimento entre 9,5% e 12% no faturamento, 10% em unidades, 4% em redes e de 10% no número de empregados diretos do setor.
Entre os principais fatores que contribuíram para o desempenho positivo estão o forte retorno do comércio e das atividades presenciais no ano passado, a recuperação da taxa de emprego, o avanço da digitalização e de outros canais de venda, principalmente o delivery, e os ganhos advindos das lições da pandemia (principalmente em relação à maior eficiência e adaptabilidade). A emergência de novos modelos de negócio (principalmente virtuais e home based), o crescimento acelerado das microfranquias e marcas de outros mercados aderindo ao franchising são outros aspectos que também contribuíram para o crescimento do setor.
Hoje, quais são as principais características das franquias bem-sucedidas?
CN: Ser uma franquia bem-sucedida depende de uma série de fatores que permeiam todas as partes da grande cadeia do franchising. Entre eles, destaco: a relação entre franqueador e franqueado é baseada em honestidade, integridade e transparência; a empresa franqueadora fornece todo o treinamento e suporte contínuo ao franqueado, além de infraestrutura operacional, técnica e tecnológica, recebendo dele, como feedback, a ajuda na ponta; a franqueadora fornece o manual de procedimentos e o franqueado segue o padrão definido por ela, para que assim possa performar positivamente e sua franquia seja bem-sucedida.
E quais cuidados deve ter quem deseja empreender como franqueado?
CN: Antes de escolher uma marca, é importante que o investidor faça uma análise criteriosa, que inclui conhecer a fundo o sistema de franchising, que traz muitos benefícios, mas, também, obrigações. É necessário também conhecer em profundidade o segmento em que se quer atuar, o público-alvo e a área geográfica de atuação. Outro passo importante é estudar com cuidado as informações fornecidas pela rede, especialmente a COF (Circular de Oferta de Franquia). Aliás, a nova Lei de Franquias (13.966/2019) prevê um grau de transparência maior por parte das franqueadoras. É preciso ficar atento a esses detalhes. É fundamental também conversar com franqueados e ex-franqueados para conhecer os detalhes da operação no dia a dia. Outra dica importante é fazer uma avaliação ampla que abranja aspectos financeiros, de concorrência e riscos externos. Por fim, antes de fechar negócio, recomendamos levar o contrato de franquia para um advogado especializado, uma vez que se trata de um compromisso de longo prazo e com muitos detalhes importantes envolvidos.
Para 2023, quais são as expectativas relativas ao setor no Rio de Janeiro?
CN: Nossa perspectiva para 2023 é muito boa para os negócios. As marcas estão fazendo o seu dever de casa e performando positivamente. O Rio está sendo visto novamente como um lugar para investir. Tivemos um crescimento de 9,5% no faturamento geral das redes de franquias em 2022 frente ao ano anterior, com mais de R$ 20 bilhões de receita. Já em número de unidades, o mercado fluminense expandiu 5,1%, somando 18.024 operações no período. Esperamos superar os dois dígitos percentuais de faturamento agora em 2023.