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Depois de uma década perdida, felizmente 2023 será de recuperação

Antonio Everton
Economista do SindilojasRio e do CDLRio

Os dados recentes acerca da economia brasileira no corrente ano formam uma imagem bastante positiva e esperançosa, caracterizando o período como de recuperação, principalmente em decorrência do que se espera que venha a acontecer neste segundo semestre. Há um bom tempo que a aura de otimismo não pairava com tanto entusiasmo, conforme alguns indicadores de intenção de consumo e de confiança do empresário.

Antes de jogar luzes no atual momento, você sabia que a economia brasileira, entre 2014 e 2022, praticamente não cresceu e que o fraco volume de crescimento explica porque as atividades econômicas, o comércio em particular, sofreram tanto?

Ao somar as variações do PIB desse período – 2014 (0,1%); 2015 (-3,5%); 2016 (-3,3%); 2017 (1,3%); 2018 (1,8%); 2019 (1,1%); 2020 (-4,1%); 2021 (4,6%) e 2022 (2,9%) – observa-se que o volume de riquezas criado no Brasil foi de apenas 0,52%. Este dado de 0,52% espelha o desempenho estagnado da economia por nove anos; e retrata porque o comércio tem enfrentado dificuldades em vender, uma vez que a economia não retoma o ritmo de crescimento de forma contínua e sustentada.

O PIB do segundo trimestre deste ano surpreendeu ao atingir 0,9%, quase três vezes mais do que o mercado esperava. A este dado somou-se a evolução do primeiro trimestre, cuja variação atingiu 1,9%. Em doze meses, até junho passado, o produto interno subiu 3,2%.

Com a alta do PIB no primeiro semestre, as projeções foram revistas para maior. Elas trazem alento porque espera-se incremento do volume de vendas, de um modo geral, em relação ao ano passado. Além disso, também é esperada melhora no comportamento de outras variáveis que afetam o consumo, a produção e investimentos, tais como preços, mercado de trabalho e juros.

Quanto à trajetória da inflação e sua repercussão sobre os orçamentos familiares temos, nos sete primeiros meses deste ano, acúmulo de 2,99%, e, em doze meses, cerca de 3,99% de alta.

Além disso, as prévias do mercado apontam para a continuidade do movimento desinflacionário, ou seja, ao que tudo indica, a inflação deve continuar a crescer menos a cada ano até estabilizar-se em um padrão aceitável e menor.

Outro dado relevante é o dos juros, cuja tendência também é de queda. Com base nisso e em outros indicadores, o mercado espera que a Selic desça a 11,75% até dezembro e, depois, prossiga nos cortes até atingir 9,00% no ano que vem, para então estacionar em 8,50%, tanto em 2025 como em 2026.

O cenário de inflação em declínio junto com os juros tem na contrapartida da geração de empregos o melhor desempenho das empresas, além da evolução do faturamento, forjando um espectro de aumento da confiança do empresariado e dos consumidores.

Para isso contribui a movimentação do mercado de trabalho que vem absorvendo mão de obra enquanto, por outro lado, as famílias apresentam-se mais dispostas a realizar gastos, por meio de maior intenção de consumo, graças à confiança.

O SindilojasRio e o CDLRio acreditam que o faturamento do comércio cresça 4,0% em 2023. Neste sentido, levam em conta tudo o que foi citado e o que espera-se para o fim do ano, até porque as próximas datas comemorativas possuem peso significativo para o comércio, impactando-o positivamente. O Dia das Crianças, Black Friday e Natal implicam no aumento do faturamento e nas chances de recuperação das margens de lucro.

Enfim, o cenário para o aumento das vendas está centralizado nos benefícios estimados pela queda dos juros, diminuição da inadimplência, aumento da renda, desinflação e segurança no emprego, como os pontos de maior atenção para que isso possa acontecer.