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SAARA – O comércio popular que é a cara do Rio e do mundo

Considerado o maior shopping a céu aberto da América do Sul, com cerca de 1.200 lojas dos mais diversos segmentos do comércio espalhadas por 12 ruas que vendem de brinquedos a joias, passando por roupas, tecidos, flores, eletroeletrônicos e utilidades para casa, entre tantos outros produtos, o Polo Saara completa 62 anos em outubro, embora sua origem remonte ao século 19.

Com preços mais convidativos, o Polo Saara recebe pessoas de todas as partes do Rio, do Brasil e também do exterior, interessadas em consumir e em conhecer o seu estilo de comércio e o belo conjunto arquitetônico formado pelos seus prédios, que une o moderno e o antigo. A estação do metrô situada próxima à tradicional área comercial passou a ser denominada Saara-Presidente Vargas em junho de 2022, depois de uma movimentação do polo pela mudança de nome.

Funcionários nas frentes das lojas anunciam as ofertas, uma prática tradicional que nos remete ao passado, mas, ainda hoje, é mantida até pelas lojas mais modernas.

No fim do século 19, a região foi sendo ocupada por comerciantes cristãos, muçulmanos e judeus, a maioria composta por sírios e libaneses expulsos de suas terras por causa da expansão do império turco-otomano. Esses imigrantes se instalaram no coração do Centro do Rio, montando pequenos negócios em suas próprias casas, sobrados que ainda existem por lá. Com as guerras mundiais, mais imigrantes chegaram ao Rio de Janeiro e à região da Saara.

Em 1962, na iminência de uma grande reforma urbanística, os lojistas se uniram e decidiram criar a Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega, a Saara, para defender os seus interesses, sob a liderança do empresário Ênio Bittencourt. Na ocasião, o governo queria construir um viaduto para ligar a Central do Brasil à Lapa que atravessaria a região da Saara, implicando na destruição de grande parte dos prédios. As obras do viaduto foram iniciadas, mas, o movimento contrário dos lojistas ganhou força e conseguiu sensibilizar o então governador Carlos Lacerda que desistiu da ideia.

Desenvolvido sem interferência dos órgãos municipais e estaduais, o formato da Saara, agora Polo Saara, foi precursor do chamado Arranjo Produtivo Local (APL) a céu aberto e serviu de modelo de organização comercial para todo o país.

Hoje, os comerciantes vindos de Taiwan, Hong Kong, e da China continental (República Popular da China), que começaram a chegar nos anos 90, já representam quase a metade dos lojistas do polo. Os árabes, que chegaram a controlar 80% das lojas, atualmente ocupam entre 30% e 40% delas. Muitos comerciantes brasileiros também descobriram a região nas últimas décadas.

Referência de comércio popular, símbolo de tradição e, também, de diversidade e dinamismo, o Polo Saara é um reflexo da cidade do Rio de Janeiro, com sua rica mistura de culturas e influências. É um termômetro do comércio carioca que, há décadas, dita tendências que acompanham as mudanças do mercado, de comportamento dos consumidores e da própria cidade.