Depois de muito tempo o Banco Central aumentou a Selic. Isso preocupa porque os efeitos da elevação da taxa de juros poderão resfriar as vendas do comércio, principalmente em um momento de recuperação econômica, quando emprego, consumo e renda estão crescendo.
Na última reunião do Copom houve incremento de 0,25 ponto percentual da taxa de juros básica, que passou de 10,50% para 10,75% ao ano, após permanecer estável e com tendência declinante desde agosto de 2022.
Ao mirar no alvo da inflação para permanecer no centro da meta, a intervenção da autoridade monetária acerta no desenvolvimento da atividade do setor produtivo, criando novas expectativas para investimentos, consumo, crédito e vendas também.
No entanto, o momento de alta não é bem-vindo ao comércio. Ainda mais agora quando se espera que o segundo semestre, com importantes datas comemorativas, seja mais forte em termos de vendas, muito provavelmente acima do ano passado.
Mais recente, o mercado revisou as estimativas de PIB e de inflação para cima, criando uma espécie de sinal amarelo para as autoridades. Notadamente porque o mercado de trabalho parece aquecido e as pressões sobre os preços mostraram-se através do IPCA, esperado mais alto.
A inflação esperada passou de 4,22%, há um mês, para 4,35%; em consequência, o PIB tende a ficar mais robusto. Assim, o crescimento estimado da economia subiu de 2,23% para 2,96%. Frente aos atuais indicadores, o próprio governo projeta que a economia cresça acima do patamar estimado pelo mercado, que é de 3,2%.
O aquecimento da economia é ótimo para o comércio porque o setor se fortalece com o aumento dos empregos, da renda e, consequentemente, do consumo. Entretanto, essas variáveis não podem ser consideradas exclusivamente para o aperto monetário que o Banco Central submete a economia brasileira.
A questão maior, que potencializa o grau de incerteza, a insegurança econômica e tende a piorar com o tempo e a atual gestão, reside nos gastos públicos e nas pressões de demanda do setor público causadas pelo aumento dos gastos do governo. Isso implica, com outra magnitude, no desequilíbrio financeiro do setor público e nos riscos que pairam sobre a economia.
Então, além de inflação, o governo deveria mirar na diminuição dos gastos para mitigar efeitos sobre o déficit fiscal e a dívida pública. Esses pontos são muito sensíveis, principalmente caso haja descontrole. Daí a necessidade de atacá-los.
O desequilíbrio das finanças públicas pode potencializar incertezas, insegurança, fuga de capitais, alta do dólar e dos juros, entre outros efeitos. Adiante, tudo isso poderá comprometer o esforço que vem sendo realizado até aqui.