Estudo do CDLRio e do SindilojasRio mostra os 11 maiores obstáculos para o empreendedorismo no comércio
A carga tributária, os encargos com mão de obra, o alto custo dos aluguéis e os preços das mercadorias adquiridas são alguns dos problemas que criam limitações financeiras para os empresários do comércio. O dados fazem parte de estudo divulgado pelo Clube dos Diretores Lojistas do Rio (CDLRio) e pelo Sindilojas Rio, que listou os 11 maiores gargalos para quem quer empreender no setor.
O documento elaborado pelo assessor econômico do CDLRio e do Sindilojas, Antonio Everton, aponta a carga tributária como o principal gargalo para o empreendedor do comércio. O estudo mostra que, entre janeiro e novembro de 2024, o comércio atacadista recolheu o total de R$ 156,5 bilhões em tributos, R$ 26,7 bilhões a mais que em igual período do ano anterior.
A atividade ficou, em termos de recolhimento total, atrás apenas das entidades financeiras, que pagaram R$ 256,1 bilhões em impostos nos 11 primeiros meses de 2024.
Outro ponto citado no documento é a substituição tributária, “uma particularidade do ICMS que se adiciona ao já complexo processo de recolhimento dos impostos”. “A substituição tributária impacta o capital de giro e desequilibra o fluxo de caixa, dificultando a gestão operacional do negócio”, diz o estudo, que lembra que a modalidade vai desaparecer à medida que a reforma tributária se efetivar. “Não obstante, é importante focar que a extinção não representará diminuição da carga tributária, necessariamente. Até porque Estados não deverão perder parte da arrecadação sem a devida contrapartida”, diz o documento do CDLRio e Sindilojas Rio.
Os encargos com a mão de obra são mais um obstáculo citado no estudo. Esses encargos custam no mínimo, segundo o documento, 67,22% do salário pago a cada funcionário formal,
“Ao fim de um ano o trabalhador onera em aproximadamente o dobro o seu valor de remuneração, devido aos componentes da folha de pagamento”, diz o estudo.
O CDLRio também alerta para o avanço dos preços dos aluguéis, que subiram acima da inflação em 2024. “Muitas vezes, as despesas com aluguel só perdem para a folha, correspondendo a um item de enorme esforço para o empresário arcar”, diz o documento.
Outro vilão relevante é a inflação, que tem impacto direto nos preços do atacado, encarecendo as mercadorias compradas pelos comerciantes. “Havendo inflação no atacado ou na esfera produtiva, os impactos sobre o comércio do varejo dependerão da capacidade de repasse do aumento de custos aos bens, bem como da resiliência do empresário em continuar seu negócio através da melhor gestão, muitas vezes sacrificando margens ou realizando promoções.”
Além dos já citados, o estudo aponta como obstáculos o custo do IPTU; o gasto com energia; o empreendedorismo como única alternativa de renda; a burocracia e a legislação; acesso a crédito; e a desordem urbana e violência.
Como ferramentas à disposição do comerciante para superar esses obstáculos, o estudo elencou 18 recomendações, a começar pela busca de ajuda especializada, seja de consultoria ou de organizações de classe. Além disso, entre as principais sugestões estão a associação em cooperativas; os cursos de capacitação para o empreendedor e a equipe; planejamento tributário; o engajamento com metas factíveis; a informatização; e a inovação, entre outras sugestões.
Publicado no jornal Valor Econômico em 9 de abril de 2025.