Na última sexta-feira (10/09) foi realizada, de forma híbrida, uma audiência pública na Câmara Municipal do Rio de Janeiro para discutir a criação de um polo digital na cidade. A proposta para o Hub é que seja um distrito dedicado à inovação em uma área geográfica na qual órgãos da administração pública, associações e clusters empresariais, centros de P&D e universidades de ponta vão poder se conectar a startups, empresários, incubadoras ou aceleradoras de negócios e entidades de investimento.
Esta iniciativa do HUB Digital foi apresentada no SindilojasRio, em 16 de junho passado, durante reunião com empresários de diferentes segmentos, com negócios no Centro do Rio, que contou com a presença do secretário municipal de Planejamento Urbano, Washington Fajardo.
O vereador Pedro Duarte (Novo) que também esteve presente, como presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara Municipal, então convocou a audiência pública da última sexta-feira(10/09).
Nesta, Carlos Augusto Carneiro, servidor do BNDES, com mais de dez anos de experiência nacional e internacional em projetos focados em elaboração, desenvolvimento e implementação de políticas públicas de empreendedorismo e inovação, apresentou o projeto. Ele analisou a situação do Rio, mais especificamente do Centro. “Estamos passando por uma degradação acelerada e a pandemia de covid-19 aprofundou ainda mais a decadência da região, que está muito esvaziada com o fechamento de diversas lojas e negócios”, afirmou. Segundo Carneiro, três mil lojas foram fechadas no Centro somente até março de 2021, com uma estimativa de perda de R$ 660 milhões em tributos (ICMS), 25 mil empregos diretos perdidos, uma vacância estimada de 50% dos imóveis e uma grande desvalorização no preço de imóveis e aluguéis.
Diante deste quadro, Carneiro disse que a conjuntura atual gera oportunidade para a criação do Hub de Inovação. Ele destacou que o Centro possui as condições necessárias e ideais para ser o maior Polo (Hub) de inovação do Brasil, por suas características únicas, históricas, geográficas, demográficas e econômicas. “O projeto de revitalização do Centro pode ser integrado com outras iniciativas trazendo mais atratividade para a região. O desenvolvimento econômico da cidade necessita de políticas públicas de impacto econômico, social, cultural e ambiental e as mudanças provocadas pela pandemia de covid-19, geram um cenário favorável ao crescimento tecnológico”, declarou.
No final de sua apresentação, Carneiro estimou que o projeto pode causar um grande impacto na economia e gerar cerca de 10 mil empresas, 100 mil empregos e 1,5 bilhão de impostos gerados dessas atividades. “O Centro do Rio possui as características necessárias para o sucesso do HUB Digital”, concluiu.
Já Washington Fajardo destacou que o Distrito do Conhecimento está contemplado no projeto Reviver Centro Rio e que é uma necessidade urgente para o Rio e, também, para o Brasil, esta inserção no campo da tecnologia e da ciência. “Mas, é preciso acrescentar dois componentes: o desenho institucional, com as instituições que têm capacidade para fazer isso acontecer; e a outra peça fundamental é a econômica, apontando quem serão os investidores do projeto”, lembrou.
Também participaram da audiência pública: William Coelho, secretário de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro; William Siri (PSOL), vereador; Rodrigo Amorim (PSL), deputado estadual; Caio Ramalho (FGV Nest); Eduardo Melo (Sebrae/RJ); Fernando Blower (presidente do SindRio); e Luís Eduardo Carneiro, comerciante do Centro Histórico do Rio/Movimento Recupera Centro.
Por fim, Maria Izabel Castro, comerciante do Centro e advogada com atuação na regularização de imóveis, como uma das líderes do movimento, agradeceu a todos os comerciantes que se uniram, participaram das reuniões e vêm dividindo as suas angústias em relação ao futuro do Centro e consequentemente dos negócios e dos empregos. Ela reforçou a necessidade da retomada econômica do Rio e de um ambiente favorável para os negócios, pois são a esperança de um futuro melhor para todos.
Antes de encerrar a audiência, o vereador Pedro Duarte destacou que a cidade sofre um apagão na formação de mão de obra qualificada para atuar no setor de inovação e tecnologia e lembrou a importância das Naves do Conhecimento, estruturas que proporcionam conectividade e educação tecnológica na cidade. “Boa parte das pessoas que trabalharia nessas startups a serem instaladas no distrito teria seus primeiros contatos com inovação nas Naves do Conhecimento. Gostaria de saber como está o planejamento para o funcionamento das naves, pois temos um apagão na formação da mão de obra e a prefeitura, por meio delas, desempenha um papel crucial nessa missão”, frisou.