Materializa-se o otimismo quanto ao desempenho da economia brasileira neste fim de ano. A economia do País prossegue gerando empregos e renda por parte da atividade empresarial, que observa no horizonte de melhora oportunidades para recuperar-se ou crescer.
A previsão de abertura de vagas temporárias para o último trimestre surpreendeu, podendo ser a maior dos últimos dez anos. Também surpreendeu o aumento do emprego e o saldo relativo a contratações e demissões. O comportamento altista dos preços tem perdido fôlego, decrescendo e aproximando-se da meta inflacionária de 3,25%.
O que acarreta preocupações são as finanças públicas, as contas governamentais com déficits recorrentes do aumento de gastos em relação a receitas com a arrecadação. Sem contar as despesas com juros, o déficit fiscal primário ficou em R$ 101 bilhões no segundo quadrimestre deste ano. Mesmo que tenha ficado aquém do previsto, representa forte elevação de despesas.
Nesse aspecto, o Banco Central tem batido firme no discurso para que o governo reduza despesas, visto que o aumento tem consequências, implicando risco de inflação. Por isso mesmo há muita cautela nos cortes da taxa básica de juros para diminuí-la.
Temos o contraponto de juros x inflação e de juros x contas públicas – leia-se déficit público. Enquanto o déficit pressionar demanda e colocar em risco a estabilidade inflacionária (ou o processo de desinflação), os juros não deverão ceder na velocidade estimada pelas projeções do mercado. Além disso, juros também correspondem a despesas financeiras no sentido de que eles pesam sobre o déficit fiscal.
Nesse emaranhado de relações econômico-financeiras do setor público com a sociedade, os empresários esperam aproveitar a onda de indicadores favoráveis para se beneficiarem da conjuntura – que tem melhorado – e venderem mais.
Isso porque em janeiro, no começo do presente exercício, as estimativas de crescimento da economia situavam-se abaixo de 0,80%. Hoje, gravitam em 2,92%. A respeito disso, o ministro da Economia assinalou que a alta do PIB poderá ser de 3,2%; ao passo que o Banco Central ajustou sua previsão bem perto da do mercado, em 2,90%.
Já com relação à inflação, os principais analistas aguardam que fique próxima de 4,86%, para avançar no seu processo de recuo em 2024 e 2025 para o patamar de 3,87% e 3,50%, respectivamente.
Nessa sequência, os juros da Selic também decaem numa espécie de rampa suavizada, passando da taxa esperada para dezembro de 11,75% em 2023, para 9,00% e 8,50% nos dois anos seguintes.
Portanto, em 2023, o faturamento real do comércio poderá ficar entre 2,0% e 4,0% acima de 2022. O país poderá gerar mais de 1,3 milhão de empregos; o endividamento das famílias deverá continuar crescendo, apesar das iniciativas para contê-lo; a inflação irá contribuir para um consumo maior na proporção que o seu ritmo de crescimento arrefecer; e, com investimentos e novos negócios, a economia poderá fechar acima de 3,0%.
Isso é um bom sinal para os comerciantes que têm, no último trimestre, importantes datas comemorativas, como o Dia das Crianças, a Black Friday e o Natal.
O grande desafio será suplantar as dificuldades fiscais que se prenunciam, dadas as dificuldades do governo em conter gastos, o que pressiona o déficit. Esse é um ponto sensível para a economia.