Por Antonio Everton Jr., economista do CDLRio e do SindilojasRio
O volume de setor de serviços medido pelo IBGE caiu 0,9% em agosto, em comparação a julho, indicando recuo do faturamento após subir 0,4% neste último período. Apesar dessa queda, as informações denotam que as atividades de serviços vêm se recuperando. Por exemplo, quando a base comparativa passa para o acumulado do ano, entre janeiro e agosto de 2023 frente ao mesmo intervalo do ano passado, o índice que reflete o faturamento real do setor cresceu 4,1%; enquanto ao se confrontar os últimos doze meses findados em agosto deste ano contra o mesmo período terminado em agosto de 2022 tem-se a elevação do faturamento acumulado em 5,3%. De certa maneira, as informações mostram a pujança do consumo que não vai para o comércio. É a outra face dos gastos, só que se destinam a atividades dos serviços.
O crescimento comparativo com o ano passado, tanto no acumulado até agosto quanto no acumulado de doze meses, espelha maior vigor dos gastos em geral, fato que beneficia o setor terciário, que continua se fortalecendo por meio do aumento das vendas dessas empresas. O movimento de recuperação e expansão das atividades terciárias evidencia-se também ao observar-se o fluxo do turismo, dada as características intrínsecas do setor.
Os dados do turismo nacional deste ano apontam para a continuidade da recuperação observada no ano passado a taxas superlativas. De janeiro a agosto de 2023, o volume de vendas subiu 4,9%, ao passo que, no acumulado de doze meses até agosto, subiu bem mais, atingindo 10,4%.
De fato, isso corresponde a alguns sinais alvissareiros de que as pessoas permanecem dispostas a viajar, consumir em bares, hotéis e restaurantes, usufruir de maiores gastos com lazer, cultura e entretenimento, em condições de aproveitar a vida com alguma sobra na renda. Por conta dos efeitos da pandemia, as taxas de 2021 e 2022 das atividades turísticas pesquisadas pelo IBGE ficaram muito altas, elásticas, e ao crescer sobre uma base fraca, pequena, podem induzir a alguns exageros na avaliação, quando na prática tem-se uma base muito deprimida para fins de comparação. Esse fenômeno pode ser checado em agosto de 2021 contra agosto de 2020 e em agosto de 2022 contra agosto de 2021.
No primeiro período, o volume de vendas das atividades turísticas subiu para 64,1%. No segundo, o aumento correspondeu a 22,8%. Lembrando que os serviços turísticos se referem a necessidades secundárias. Então, nessa linha, a pandemia e a saída da crise forçaram as famílias a serem restritas nos gastos. Isso porque os primeiros gastos a serem cortados foram os ligados ao setor das atividades turísticas, as mais afetadas. Sendo as primeiras a serem não gastos pelos indivíduos durante os ajustes, assimetricamente acontece na fase da recuperação: ou seja, são as últimas atividades a recuperarem-se. Elas, normalmente, possuem a natureza de não serem serviços essenciais, mas, sim, ligadas a lazer e ao bem-estar, muito dependentes da folga no orçamento.
Ao que parece, o quadro é favorável para o Rio de Janeiro. O fortalecimento do setor turístico fluminense revela-se em agosto quando se olha para trás. Contra agosto do ano passado, as atividades cresceram 11,8% no mês, enquanto no agregado de doze meses até agosto, elas subiram 9,7%. Vários fatores ajudam a explicar as evoluções. Mas, deve-se considerar primeiro o aumento da confiança dos consumidores junto aos estabelecimentos dos serviços turísticos, assim como o fato de que a economia vem melhorando muito em função do comportamento da inflação, o que facilita as compras e atrai presencialmente clientes aos negócios.
Uma grande prova disso tem sido a retomada do setor de eventos, o mais afetado pela pandemia, que agora dá sinais de revitalização, na medida em que as pessoas estão mais dispostas a participar dessas atividades.