Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Com o fim do ano, muitos trabalhadores do Rio de Janeiro estão recebendo a primeira parcela do 13º salário. Este pagamento ajuda a movimentar a economia do estado, aquecendo as vendas dos lojistas e sendo um alívio para os trabalhadores.
A criação do 13º, proposta em 1959 pelo deputado Aarão Steinbruch, seria aprovada pelo Senado em 27 de junho de 1962 e sancionada pelo presidente João Goulart em 13 de julho. Pelas regras vigentes, a primeira parcela do 13º deve ser paga até 30 de novembro, enquanto a segunda não deve passar do dia 20 de dezembro.
De acordo com um levantamento divulgado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, no último dia 31, o estado tinha 3,87 milhões de trabalhadores formais. Considerando que a unidade federativa tem 16,05 milhões de habitantes, isso significa dizer que cerca de 24% dos fluminenses irão receber o 13º.
O jornal O DIA ouviu o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro (SindilojasRio), Aldo Gonçalves, que explicou a importância deste tipo de pagamento.
“O pagamento do 13º salário é um dos motores que impulsionam o comércio no final do ano, pois aumenta o poder de compra dos consumidores, gerando um ciclo positivo para os lojistas”, explica.
Gonçalves complementa com os principais itens que possuem aumento na procura e reforça que o direito do 13º é fundamental para o setor:
“O aumento do consumo reflete no faturamento das empresas, especialmente nos segmentos de vestuário, eletrônicos, eletrodomésticos e brinquedos, que tradicionalmente têm grande procura neste período. O 13º salário é crucial para o setor varejista, principalmente no Rio de Janeiro, onde o comércio é uma das principais atividades econômicas”.
Proximidade com a Black Friday
O presidente do SindilojasRio também comentou a proximidade do recebimento do 13º com a Black Friday, que acontece até o dia 30.
“A proximidade do 13º salário com a Black Friday cria uma dinâmica interessante no consumo. Muitos consumidores antecipam parte de suas compras de Natal durante as promoções da Black Friday, aproveitando descontos vantajosos. Para os lojistas, isso exige estratégias bem planejadas, como oferecer promoções que não canibalizem as vendas de Natal, mas complementem o ciclo de consumo. Essa combinação pode elevar o fluxo de clientes e maximizar os resultados no final do ano”, avalia.
ICMS
Já com relação à arrecadação de impostos, a Secretaria Estadual da Fazenda informou que os Impostos sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços (ICMS) devem ser pagos até o dia 10 do mês seguinte à operação.
Se formos considerar que a maioria das compras é feita a partir de dezembro, esse recolhimento maior do ICMS aconteceria em janeiro. E os números de arrecadação divulgados pela Fazenda comprovam isso.
Em 2022, janeiro foi o mês que mais arrecadou com este tipo de imposto. Foram R$ 4,27 bilhões neste sentido. Somente outros três meses do ano bateram a marca dos R$ 4 bilhões.
Já em 2024, o primeiro mês do ano também é o que mais arrecadou com o ICMS até o momento. São R$ 4,36 bilhões, mais de R$ 200 milhões na frente do mês que ficou em segundo lugar (agosto).
O comportamento anômalo aconteceu em 2023, quando janeiro foi o 5º mês que mais arrecadou. Mesmo assim, o período de 30 dias está na primeira metade da tabela daquele ano.
O que fazer com o pagamento?
Maria Clara Carvalho, de 19 anos, que é atendente em uma drogaria da Região Oceânica de Niterói. Ela, que também é estudante de História na Universidade Federal Fluminense, conta que o valor recebido terá duas funções.
“O 13° vai entrar como um ganho extra de final de ano. Pretendo guardar parte do dinheiro para o fundo de emergência e o restante utilizar para as compras e presentes de fim de ano”.
Maria divide as contas de sua residência com outras universitárias que residem no bairro de Fátima, na região central da cidade.
A analista de marketing Raquel Proença, de 21 anos, foi outra que compartilhou o que irá fazer com o valor recebido. A jovem, residente em Piratininga, também em Niterói, irá utilizar o ganho extra em seu casamento.
“Como fiquei noiva este ano, esse valor está sendo planejado para ser usado na organização do meu casamento. Eu e meu noivo somos bem organizados financeiramente, então já temos um direcionamento para esse valor”, conta.
“Nesse momento, todo valor conta muito! Principalmente porque vamos ter novas demandas financeiras. Estamos buscando alguns móveis ou eletrodomésticos. Temos uma lista de prioridades e estamos nos guiando por ela”, completa.
Além de investimentos excepcionais como os compartilhados por Raquel e Maria Clara, muitos brasileiros utilizam o ganho extra para pagar dívidas. Um estudo do Serasa aponta que há mais pagamentos de dívidas nos meses de dezembro e novembro em comparação com os demais meses do ano. Em 2022 e 2023, por exemplo, os dois últimos meses do ano foram os que mais contaram com pagamentos de dívidas.
Reprodução Jornal O DIA, de 24 de novembro de 2024.