Por Aldo Gonçalves
No ano passado, manifestamos a nossa esperança por um bom desempenho das vendas do comércio no Natal, que acabou não atingindo as expectativas. Neste ano, porém, com o nível do consumo se apresentando bem melhor do que em 2023, nossa expectativa é de que teremos um Natal melhor, com vendas que podem superar os 4% estimados em relação ao ano passado.
A mais importante data comemorativa para o comércio, responsável por cerca de um terço do faturamento anual para determinados segmentos, o Natal que se avizinha constitui-se no combustível que alimenta o otimismo do setor, que acredita que as estimativas se concretizarão.
Segundo o IBGE, retrospectivamente, o volume de vendas do comércio varejista em 2022 atingiu 1% sobre 2021; e 1,7% em 2023. No corrente ano, até outubro, registrou 5%.
No Rio de Janeiro, os dados também são animadores em relação ao ano passado. Depois de três quedas anuais sucessivas, em 2024, até outubro, o crescimento do comércio varejista está em 1,7%, podendo chegar a 2%, graças ao ritmo aquecido do mercado de trabalho e às estratégias de vendas adotadas pelo comércio durante a Black Friday, o Natal e o Réveillon.
Nesse contexto, as pesquisas realizadas pelo CDLRio e SindilojasRio apontaram para um bom momento de final de ano, com a expectativa de crescimento de 4% nas vendas que podem até superar esse índice.
Como acontece normalmente após a virada de ano, as vendas tendem a arrefecer por conta das necessidades de os consumidores arcarem com uma série de compromissos. É a oportunidade para o comerciante promover liquidações de estoques, enquanto as famílias se deparam com uma série de compromissos como matrículas de escolas, novos preços decorrentes do salário mínimo, aluguéis, planos de saúde e IPTU, entre outros.
Apesar de o Copom (Comitê de Política Monetária) ter elevado os juros básicos para 12,25% ao ano, o otimismo acerca das vendas do comércio neste final de ano se baseia na elevação das vendas da Black Friday e nas perspectivas de crescimento da economia.
Embora o final do ano venha se caracterizando pela dificuldade do governo em revelar condições para o ajuste fiscal, promovendo subida acentuada dos juros e o real desvalorizado frente ao dólar, os dados do mercado de trabalho seguem noutro sentido, demonstrando a pujança do consumo como componente de peso para a formação do produto interno pela ótica da despesa.
O resultado disso e das outras taxas de juros da economia materializa-se afetando a capacidade de consumo e gastos das famílias, no presente e no futuro, através do endividamento tendo como corolário o comprometimento de parcela significativa da renda familiar com dívidas, juros e amortizações.
Como sempre acontece, toda troca de calendário na passagem de ano estabelece cenário desafiador para o comerciante diante da imprevisibilidade da economia, do consumo e das vicissitudes do mercado. Para permanecer em atividade, o comerciante necessita adequar-se à realidade que se apresenta cada vez mais complexa diante da desordem urbana, concorrência desleal dos ambulantes e dos índices de violência – só para citar alguns dos principais problemas.
Felizmente, a criatividade, espírito empreendedor, resiliência junto com determinação e utilização de ferramentas inovadoras servem como antídotos para a superação dos problemas que se avolumam e podem ameaçar.
Nesse caso, investimentos para modernizar o ambiente; gastos com marketing; melhor uso das vitrines (sejam físicas ou virtuais); adaptação e adoção de novos canais de vendas; experimentos e usos da IA e desenvolvimento da equipe de colaboradores para melhorar a recepção dos clientes, fidelizando-os, podem servir como peças da estratégia empresarial para atingir os objetivos de curto e longo prazos, os quais devem ser levados a cabo a partir do dia 1º de janeiro.