Fazer um prognóstico da economia brasileira neste começo de ano é desafiador, principalmente considerando-se que os dados do fechamento de 2024 apurados pelo IBGE, como a PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), a PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) e o próprio PIB, ainda não foram apresentados.
Porém, ao menos até o momento, algumas premissas estão constituídas para o desempenho esperado da economia em 2025. Assim, as informações contidas aqui podem ser interessantes para contextualizar cenários e produzir elementos consistentes para um planejamento estratégico. E, com base neste instrumento, o empresário pode pautar suas ideias para ações presentes e futuras.
Dificilmente o Brasil conseguirá repetir a performance de crescimento de 2022, 2023 e 2024. O PIB aumentou, respectivamente, 3%; 2,9% e cerca de 3,5% (projeção para o ano passado), sendo esta uma ótima estimativa no que se refere ao avanço da produção e à elevação do emprego e da renda.
Sobre o passado recente, um detalhe: todas as previsões feitas no início do ano ficaram aquém da taxa efetiva do PIB. A economia brasileira surpreendeu positivamente, em boa parte puxada pelo ritmo forte do mercado de trabalho e pelo consumo. A inflação se manteve baixa, assim como o câmbio e os juros, embora dívida e déficits fiscais estivessem crescendo nos últimos dois anos.
Para 2025, as circunstâncias dos anos recentes mudaram. Inflação, dólar, juros, incertezas fiscais e economia mundial passaram a interferir ou influenciar de maneira adversa.
Por exemplo: os preços ao produtor passaram a subir fortemente com a alta do dólar. Enquanto em 2022 subiram 3,16% e, em 2023, caíram 4,99%, na última apuração, até novembro de 2024, já acumulavam aumento de 7,81%.
Essas variações batem na porta do comerciante, quando ele verifica que o custo da mercadoria a ser vendida elevou-se sobremaneira; e que deve decidir entre o repasse ao preço final ou a absorção da despesa por meio da redução de margem e manutenção do preço ao consumidor a fim de que as vendas não caiam. Planejar estoques ficou mais caro e é cada vez mais estratégico.
Não bastasse a pressão dos custos, impostos também subiram, onerando a produção. Só com ICMS, o governo do Rio de Janeiro recolheu mais de R$ 51 bilhões, uma alta real de 9,8% no ano, em relação a 2023. Por outro lado, a alíquota em 22% encarece mercadorias e serviços, atrapalhando investimentos e consumo.
Nas condições atuais, o mercado estabelece projeção de 2,1% para o produto doméstico em 2025.
No rastro desse índice, há a expectativa de estabilidade do câmbio em R$ 6 reais. Ou seja, acredita-se que o dólar poderá flutuar, mas os mecanismos de intervenção do Banco Central poderão fazer com que as pressões inflacionárias sejam mitigadas e o dólar feche 2025 neste valor.
Ainda assim, as previsões de inflação convergem para o IPCA mais alto do que em 2024. A inflação esperada mostra tendência crescente e já está em 5,5%. Em relação ao IPCA de 2024 (4,83%), o aumento é de mais 1,3 pontos percentuais.
Fatores como a safra de alimentos menor, devido às mudanças climáticas, e os efeitos da cotação do dólar diante da alta dos preços internacionais, devem justificar preços internos mais altos para o consumo.
Se esse cenário ocorrer, a inflação permanecerá acima da meta de 4,5% pela terceira vez consecutiva. Nada bom para empresários e famílias, por causa das incertezas que a alta de preços provoca e pela corrosão da renda que afeta compras e planejamento.
No bojo desses números encontram-se as previsões da Selic em 15% para este ano, mantendo o Brasil no pódio dos países que praticam a maior taxa básica de juros reais do mundo. O corolário desse cenário é endividamento maior, inadimplência e menos investimento, produção e consumo.
Os efeitos esperados da política monetária ativa comprometem, portanto, o ritmo de crescimento econômico, decrescendo o fluxo de riquezas gerado e afetando o mercado de trabalho em favor do combate à elevação dos preços.
Na formação dos cenários atuais, as circunstâncias observadas hoje não existiam até o segundo semestre do ano passado. Portanto, mantidas as condições constantes, pode-se esperar a economia com menos intensidade em 2025.